segunda-feira, 26 de maio de 2014

"ESMAGADO PELA MÓ"

 A sul do Rio Tejo,
 o povo tem orgulho
num dia de nevoeiro
tropeçou num texugo
foi lá no Baixo Alentejo
 no Monte do Vale Burro!

Mandava o abegão,
nas mãos levava uma flor
dentro do peito o coração
sem carinho e sem amor.

Dela, não estou farto!
 para toda a gente ver
da vida o belo retrato
nunca se deve perder.

Herdada do passado,
 mesmo quem a não queira
bem ainda estou lembrado
de quem fez tanta sujeira.

 Lindos eram os seus olhos!
 apaixonada bela moça trigueira
 depois de ceifado, atado em molhos
 era o trigo carregado para a eira!

Para o moinho seguia,
já da palha separado
pela mó era esmagado
transformado em farinha.
(Eduardo Maria Nunes)

5 comentários:

  1. O trigo era esmagado pela mó, o povo esmagado pela própria vida.
    Um abraço e uma boa semana

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  2. Tentei seguir o fio dos teus pensamentos, mas perdi-me.
    E dei comigo a pensar que não sei o que é um abegão. Vou daqui para o motor de pesquisa da Google que ele saberá responder-me com toda a certeza.
    Há dias assim!

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  3. Parece que o destino do povo acaba sempre por ser o mesmo do trigo; o de ser esmagado pelas suas dificuldades de vida. Até ficar feito em pó.

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  4. ... E assim o trigo loiro
    Deu farinha e fez-se pão.
    Hoje, é esse pó de oiro
    Que escasseia na Nação.
    Vá lá saber-se a razão!...



    Abraços



    SOL

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  5. Eduardo,um belo e pertinente poema para o momento dificil que o povo está vivendo! Abraços e boa semana,

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